quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O Tempo de Deus é pra Sempre



Por Deiber Nunes Martins


Como temos dificuldade em aceitar a morte, não é mesmo? Esta dificuldade, ao lado da capacidade de perdoar é uma das maiores dificuldades do ser humano. Não é fácil aceitar a perda de alguém que faz parte de nós, de um ente muito amado. No entanto, quanto mais aprendemos com esta dificuldade, assim como o perdão, mais nos aproximamos de Deus.
Ninguém perde ninguém com a morte. É preciso que se diga isso claramente, uma vez que nem sempre conseguimos compreender a essência de nossa vida. E curiosamente, entender a morte está intrinsecamente ligado à compreensão da vida. E a recíproca também é verdadeira. Quanto mais entendemos a vida, entendemos a morte.
Aprendemos com os monges que no claustro, desejavam uma boa morte uns aos outros. O que queriam dizer com aquilo? Eles não desejavam a morte dos companheiros, mas expressavam naquele desejo que os companheiros vivessem uma vida em santidade e viver em santidade leva, em conseqüência a uma boa morte. Pois a morte é o transporte para a Glória Eterna, a Salvação.
Em minha catequese, uma das minhas catequistas, me disse algo que ficará por toda a minha vida: “A morte de um ente querido nos deve alegrar, visto que o Céu está se abrindo para receber aquela pessoa que tanto amamos.” Como viver em essência esta frase, por mais absurda que possa parecer? Entendendo que o melhor da nossa vida, não está no breve existir neste mundo mas na eternidade ao lado do nosso Deus, nosso Amor Maior, a razão de tudo. Portanto, viver bem a vida aqui na terra é prenúncio de uma Boa Morte, como diziam os monges.
Infelizmente, nossa essência está presa no egocentrismo. Achamos que a pessoa amada precisa viver em função de nós e que o melhor para ela é estar ao nosso lado. Estar no nosso convívio e permanecer assim. Mas cometemos um engano: o melhor para o nosso irmão é que ele viva uma vida de santidade aqui na Terra. E para isso, devemos contribuir vivendo em santidade também.
E o que é viver em santidade?
É o mistério que queremos, juntos, descobrir. Sabemos que não somos perfeitos. Que estamos em construção. E neste caminho passamos por amarguras, sofrimentos e aflições que nada mais são que o processo de lapidação ao qual Deus nos prepara para a santidade, a Salvação. Não significa dizer que eu não vivo em santidade se estiver pecando. O pecado vai fazer parte desta vida em santidade. Porque viver em santidade é o caminho para a Salvação. O segredo para não errarmos o caminho é sempre fixar os olhos nos ensinamentos de Cristo. Erros, pecados, acontecerão. Pessoas vão nos maltratar, vão nos magoar. Mas temos o compromisso de viver em santidade e levar todas as pessoas à mesma vida. Então, mesmo que esteja doendo, nós perdoamos as ofensas que sofremos. E permitimos ao outro continuar sua caminhada. Façamos a nossa parte.
E acima de tudo, amemos. No amor, percebemos o quanto somos importantes juntos.
E também no amor, entenderemos a vida. E entenderemos a morte. Não significa que ao nos depararmos com a morte de um ente querido, não podemos sofrer, chorar a perda. Mas ao contrário, precisamos sim passar por este sofrimento, este momento de dor e luto. Mas com o coração firme no Amor, percebemos o quanto somos amados e apenas passamos pelo sofrimento, mas não ficamos presos a ele. Pessoas que se prendem ao luto, precisam deste toque de amor, para entenderem de fato que o tempo de Deus é pra sempre, não termina com a morte.
Senhor, dá-nos a capacidade de confortar e consolar quem precisa de conforto e consolo, no momento de luto. Dá-nos, Senhor a sabedoria de viver em santidade a ponto de sermos os referenciais de salvação para os nossos irmãos. Fácil não será mas impossível muito menos, porque Tu estás conosco, caminhas conosco. E por isso, nada precisamos temer. Cuida de nós, Senhor! Amém.

Belo Horizonte, 11 de agosto de 2011

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